A tomografia computadorizada (TC) é um dos exames de imagem mais importantes da medicina moderna, usada para investigar desde traumas até doenças complexas. Nos últimos anos, essa tecnologia tem avançado numa velocidade impressionante, trazendo melhorias que tornam os exames mais rápidos, mais precisos e até mais seguros. No editorial assinado por Cynthia H. McCollough
, Masahiro Jinzaki
e Hatem Alkadhi
, publicado no British Journal of Radiology, os autores destacam como o futuro da TC já está acontecendo, impulsionado por uma série de inovações tecnológicas.
Um dos primeiros avanços comentados pelos autores é a TC com dupla energia, uma técnica que existe há décadas, mas que só recentemente se tornou mais prática no dia a dia. Segundo o editorial, ela tem ganhado espaço porque permite diferenciar materiais dentro do corpo com mais precisão — como iodo, cálcio ou tipos específicos de cálculos renais — ajudando em diagnósticos de doenças vasculares, litíase e inflamações ósseas.
McCollough, Jinzaki e Alkadhi também destacam o crescimento das TCs portáteis, inicialmente usadas apenas em UTIs e centros cirúrgicos. Hoje, já existem versões instaladas até em ambulâncias, o que agiliza o diagnóstico de AVCs e reduz o tempo até o tratamento. Em locais com poucos recursos, elas podem ser decisivas para salvar vidas.
Outro ponto importante citado pelos autores é a expansão das salas híbridas, que combinam TC com fluoroscopia e outros métodos de imagem. Essa integração permite procedimentos guiados com mais precisão e eficiência, oferecendo ao médico uma combinação poderosa de imagens tridimensionais detalhadas e visualização em tempo real.
Uma inovação curiosa apresentada no editorial é a TC em posição ereta. Diferente da TC tradicional — feita com o paciente deitado — essa nova abordagem permite observar como a anatomia muda sob efeito da gravidade. Assim, doenças funcionais que não aparecem em exames convencionais podem finalmente ser identificadas.
O editorial também ressalta o impacto crescente da inteligência artificial (IA). Os autores explicam que a IA já auxilia no planejamento do exame, no posicionamento do paciente e até na automatização de parâmetros, tornando o processo mais rápido e menos suscetível a erros.
A maior revolução do momento, porém, é a TC com detectores de contagem de fótons (photon-counting CT). Conforme descrevem McCollough e colegas, essa tecnologia oferece imagens mais nítidas, melhor resolução espacial e ainda reduz a dose de radiação — tudo ao mesmo tempo. Além disso, ela viabiliza análises espectrais avançadas sem aumentar o tempo de exame. As aplicações abrangem cardiologia, neurologia, pediatria, oncologia e muito mais. Embora ainda seja uma tecnologia cara, seu potencial é enorme.
Por fim, o editorial discute os avanços na reconstrução de imagens baseada em deep learning, que reduzem ruídos e melhoram a qualidade visual. Porém, os autores alertam que esse tipo de reconstrução precisa ser usada com cautela, já que pode alterar características naturais das imagens ou gerar artefatos inesperados.
De forma geral, McCollough, Jinzaki e Alkadhi mostram que estamos vivendo um momento único na área de imagem médica: a TC está se tornando mais rápida, mais precisa e mais inteligente. O resultado esperado é um impacto direto e positivo na vida dos pacientes, com diagnósticos mais confiáveis e tratamentos mais eficientes.
Leia o texto completo em: MCCOLLOUGH, Cynthia H.; JINZAKI, Masahiro; ALKADHI, Hatem. Advances in CT technology and clinical applications—introductory editorial. British Journal of Radiology, v. 98, p. 1721–1723, 2025. DOI: 10.1093/bjr/tqaf216.

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